



Em Passagens as referências temporais são eliminadas e a arquitectura aproximada do seu essencial. A via escolhida é a do desfoque e o recurso à tradição da fotografia a preto e branco. Esta movimentação de síntese permite abordar o “palco” – Chiado. Palco – Chiado – em que Joshua Benoliel fotografa e constrói um extraordinário documento. Documenta a passagem deste local para a modernidade e levanta questões pertinentes para o futuro deste trabalho. Passagens faz parte de um trabalho maior de grupo que importa abordar.
Exposição colectiva Chiado – o lugar urbano na contemporaneidade / (re)visitar a perspetiva de Joshua Benoliel
Sobre a exposição que integra Passagens, o curador Joseph Rodrigues escreve:
… “A cidade representou um objeto de interesse para a fotografia nos finais do século XIX, enquanto base de experimentação e de criatividade sobre os seus lugares, assim como na representação das realidades visíveis e invisíveis. (…)
A apreensão, interpretação e representação da paisagem urbana, pelos primeiros fotógrafos do século XX, tais como Eugéne Atget ( 1857-1927 ) e Brassai ( 1899-1984 ), sobre a cidade de Paris, ou Joshua Benoliel ( 1873-1932 ), sobre a cidade de Lisboa, contribuem para a reconstrução, na contemporaneidade, das memórias e pré-existências da sua fisicidade, da arquitetura e da urbanidade , e da imaterialidade da sua vida urbana.
O Chiado é um lugar de relações complexas e em constante transformação atendendo à sua dimensão espácio- temporal, este continua a estabelecer relações com o seu interland assim como com outras metrópoles, importando tendências para a sua urbanidade e vida urbana.
A experiência deste lugar, na perspetiva de Joshua Benoliel, exige, primeiro uma imersão na sua obra , plena de modernidade e de contemporaneidade, e segundo, uma visitação à dinâmica da vida urbana do Chiado de novecentos, para posteriormente compreender o seu genius locci , intemporal, que o distingue dos demais, e que apela a uma deambulação pelos seus recantos, promovendo a experiência e imersão individual e/ou coletiva.
As narrativas urbanas do Chiado, representam, como no inicio do século, um “cenário” útil à criatividade e representatividade da fotografia contemporânea, no registo da mutação dos seus aspetos materiais e imateriais.
A experiência do lugar através do exercício fotográfico sobre o Chiado, proposto aos participantes no Workshop de Fotografia, orientado pelo fotógrafo Paulo Catrica, e realizado em abril de 2015, teve como objeto uma interpretação actual apoiada na perspetiva de Joshua Benoliel, e tendo como fim a definição de um programa curatorial para a presente exposição.(…)
(sobre a exposição)
Da interpretação do Chiado contemporâneo resultaram oito pontos de vista, conceitos e abordagens diferentes sobre um mesmo lugar, que contribuíram para o enriquecimento do exercício curatorial decorrente da realização do Workshop, que serviu igualmente de exercício académico, útil à tese de doutoramento sobre o tema “A paisagem na cidade, da modernidade à contemporaneidade – um exercício curatorial”.
Joseph Rodrigues in Chiado – o lugar urbano na contemporaneidade / (re)visitar a perspetiva de Joshua Benoliel . In catálogo da exposição, Faculdade de Belas Artes de Lisboa, 2015.
Passagens integra a exposição colectiva com trabalhos de oito autores. Alexandre Inglez, Catarina Cabrita, Filipe Gomes, Joana Pimentel, Lizângela Torres, Miguel Ferreira, Miguel Lobo, e Miguel Proença. Teve orientação de Paulo Catrica. A exposição foi inaugurada na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL) a 05/06/2015.
Provas:
s/t, 2015, série Passagens, prova de pigmentos s/ papel, c. 100 x 67cm. Disponíveis s/ consulta. Outras dimensões disponíveis. Série de 5 provas.